Abóboras
(ou abobrinhas)
Faz tempo que não escrevia uma
crônica, ou algo parecido. Não quero taxar o texto disso ou daquilo. Mas desde agosto
de 2020, em plena pandemia (e ela acabou?), não o fazia.
Percebi que desde o golpe de
2014 ― o que levaram a
efeito no Brasil; há outros fora dele, que os caras não brincam ―, perdi
o tesão. Não me esqueço do Enio (Lins) me dizendo, em algumas raras vezes em
que nos encontramos: escreva! Assim, com exclamação percebida (por mim). Ele devia
gostar, pra dizer. Sinto, Enio, não consegui.
Do Diógenes (Tenório Jr.), especificamente sobre as coisas da vida, minhas reminiscências,
especialmente, ouvi cobranças também. Dizia que gostava. Dos textos de política
ele não parecia concordar (com minhas opiniões), mas respeitava.
Pior é que essa perda não se
limitou à política. Foi geral. Ou quase. Uns poucos textos, de lá pra cá. O
último, sobre meu pai querido que nos deixou em 2014. Ô, ano (oh, ano)! Ô, pai...
Quanta saudade. Quanta vontade, inútil, de ter feito mais pela gente. Quanta
saudade de você, quantas lembranças boas e eternas do que consegui fazer. 2014,
de novo! E só.
Estou em dívida (de alguns anos),
por exemplo, com meu primo Elio (Rego). Um sujeito brioso, lindo, queridíssimo demais
da conta, que lutou bravamente contra a ditadura. Certamente o homem mais
corajoso e fiel às suas convicções que conheço. Não uma biografia sobre essa
figura em tudo e por tudo (que eu sei!) maravilhosa. Nem me atreveria a tanto. Mas
somente uma reprodução das incríveis histórias suas. E que me comprometi a
escrever. Neste caso pelo menos tenho a desculpa de que a vida atropelou minha
vontade. Tá sendo difícil, meu primo. Mas já dei o “start”, como se diz, assim estadunizado,
conforme já prática neste nosso país errante. Até a bicicleta, já tive até oportunidade
de escrever lá em 2006 batendo nisto, virou “bike”. Raiva, que dá, ainda. Não consigo
ouvir alguém dizer minha “bike” sem me dar embrulhos no velho e intolerante
estômago.
Passado mais de ano, aqui me
vi novamente.
Verdade que tenho uns textos guardados,
ou simplesmente arquivados automaticamente no computador, mas que não me dispus
a publicar. Ainda. Fora os que simplesmente joguei à lixeira. Do micro.
Também nunca mais tinha conseguido
estar na madrugada, como agora, em frente a essa “folha” branca do computador, menos
ainda vê-la povoada das palavras ditadas pelos meus dedos há tempos inertes.
Não sei porque gosto tanto de música
francesa (ouvindo, pra variar). Nem entendo
o que dizem. Mas gosto. Pra carai. Fosse pra aprender outra língua, seria o
italiano, entretanto. Ou o espanhol. A desvantagem do espanhol é que a gente
entende mais ou menos, né? Desde que falem devagarzinho. Aí, dá preguiça enfrentar
a empreitada. A mesma pra não me dedicar ao violão e me sentir um pouquinho que
só violonista. Fico só nas batidas batidas de sempre.
Agora vem essa guerra. Sim, são
várias as guerras acontecendo. Mas na nossa mídia (ocidental), só há a da
Rússia contra a Ucrânia. E, claro, do mal contra o bem, respectivamente. Mais
uma vez me tratando como se idiota fosse. E lá vou eu estudar a história da
Rússia, me meter a entender de geopolítica pra entender a bagaça e não me deixar engabelar pela conversa fiada de sempre. Fiada, mas competente. Basta ouvir o
que me dizem muitos companheiros. Ouvi até elogios ao cara da Ucrânia que se
meteu de soldado. Ô, vida. Difícil, viu? Continuo achando que deve ser, senão
maravilhoso, muito confortável só ouvir o que me vomitam e seguir na toada. Mas
sigo não querendo. Aff.
Tomei meu segundo Disaronno com
Pirajá da Santo Grau. Itália e Brasil juntos na boemia. Viva! Ou seria o
terceiro? Pensando... É que gosto de misturar licor com cachaça ou rum. Fica menos
doce. Claro, fumando um charuto. Há alguns dias, como agora, uma nova
descoberta: Vega Fina, da Nicarágua. Escusa-me pela traição pontual, minha Cubita
querida. Você segue insuperável em tudo. Inclusive nos charutos. Saudades é
pouco para expressar a minha vontade de te rever. Verdade! Hoje mesmo comentei
com Ana Paula: já chegou a época dos furacões? Vamos!
Passei a barra de rolagem e vi
que o texto tá desconexo e, pior, ficando grande. Qué que eu faço? Parar, né? Quem
vai querer ler essa doidice? Mais um pro arquivo automático? Oh, Deus...
Legal é que nem estou
escrevendo no Villas. Na Jatiúca, mesmo. Caramba, quem diria? Olho pro word.
Segunda página quase completa. Endoidei. Será o Disaronno?
A verdade é que gosto de estar
aqui, a escrever. Ia pro gerúndio, mas resolvi homenagear os portugueses. Gosto,
também. E a escrever, vejo, me dá uma sensação de duração maior do que se dissesse
escrevendo. Vou manter.
Acho que vou dormir. Tá bom,
já, o quanto escrevi. Não o que escrevi, bem entendido. É, já chega. Charuto,
fim. Disaronno também. Sono.